22 de abr. de 2009

Por que o Finasa saiu do vôlei

A decisão do Finasa de descontinuar o seu time profissional de vôlei pode ser entendida por uma série de fatores, que o blog conseguiu apurar e juntar as peças ao longo do dia (o que explica em parte a ausência de outros posts por hoje).

A primeira decisão foi interna. Em março deste ano, o Bradesco mudou de presidente. Márcio Cypriano deu lugar a Luiz Carlos Trabuco Cappi. A missão do novo mandatário do banco é recolocá-lo em posição de liderança entre as instituições privadas do país, perdida na fusão de Itaú e Unibanco e abalada com a junção de Real e Santander.

Com o novo presidente, uma nova filosofia começou a ser implantada dentro da instituição. E o projeto do Finasa, que nunca foi uma unanimidade no Bradesco, passou a ser questionado pela nova direção do banco. Até aí nenhuma novidade, mas na hora de pesar na balança os prós e os contras de uma decisão dessas, vários outros pontos começaram a ser levantados, e a opção pela descontinuidade do time principal ficou foi ganhando força.

O primeiro deles, mais do que óbvio e seguidamente discutido no meio esportivo, é a rejeição ainda existente de muitos veículos (em especial os das Organizações Globo) em falar o nome do Finasa, que era quem assegurava o aporte de R$ 12 milhões anuais para manter o time.

Outro peso foi o patrocínio do Banco do Brasil à Confederação Brasileira de Vôlei e à Superliga. Posterior ao início das atividades do Finasa (na época ainda BCN), o patrocínio do BB estava começando a sufocar a marca da instituição concorrente nas partidas. E a CBV não fez nenhum esforço para evitar isso, pelo contrário.

Por fim, o desgaste da direção do time com a CBV por conta da fórmula de disputa (em adequação às exigências da Globo, a decisão do título passou a ser em apenas um jogo) ajudou a não ser tão defensável assim a permanência do time principal.

O resultado de sábado, em mais uma derrota para o Rexona, não influenciou em nada a decisão. Em organizações gigantescas, com conselho de administração influente, nunca se muda uma ação estratégica tão rapidamente, ainda mais quando essa tomada de decisão envolve um projeto de 20 anos de patrocínio e apoio ao vôlei. Se o time tivesse ganho a Superliga, o mesmo anúncio seria feito às atletas, mas a saída da empresa teria uma cara extremamente vitoriosa, diferentemente do que foi agora.

Mas o desejo de manter uma ligação com o vôlei continua. Tanto que o projeto de formação de atletas não será alterado, mantendo-se a previsão de inauguração do centro de treinamentos para este ano, tal qual já havia sido definido em 2008, antes mesmo da troca de comando no banco.

A saída do time principal, porém, poderia servir para que as empresas de mídia entendessem que, se não houver patrocínio, não haverá time. E aí, não haverá esporte.

Ou seja: não falar o nome de quem patrocina é, definitivamente, um tiro no pé.

O fim do mundo chegou ao esporte nacional.

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