15 de jun. de 2005

A Identidade Cultural na Pós-Modernidade

Resenha.
Por Giulianno de Lollo

Stuart Hall é um dos maiores expoentes da corrente conhecida como Escola de Birmigham também conhecida como Estudos Culturais, que foram pensadores britânicos contemporâneos que fazem uma radiografia dos processos culturais tendo como pano de fundo as mudanças societárias impostas pelo processo de Globalização e a chamada cultura pós-moderna. Hall foi diretor do Centro de Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmigham entre 1970 e 1979 e faz parte do corpo de fundadores desse instituto.O propósito desse livro é explorar algumas questões sobre identidade cultural na modernidade tardia e avaliar se existe uma crise de identidade e em que direção ela está indo. A primeira parte do livro que podemos dizer que são os capítulos 1 e 2, lida com mudanças nos conceitos de identidade e do sujeito. A segunda parte que compreende os capítulos de 3, 4, 5 e 6 desenvolve os argumentos em relação a identidade cultural, aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso pertencimento a culturas étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais.Para exposição da obra devemos entender as três concepções de identidade.O Sujeito Iluminista que está baseado numa concepção de pessoas humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, consciência e ação.O Sujeito Sociológico que reflete a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo e auto-suficiente, mas era formado na relação com outras pessoas importantes para ele.Por último, o Sujeito Pós-Moderno conceituado como não tendo uma identidade fixa ou permanente.A modernidade diferentemente das sociedades tradicionais que veneram e transmitem o passado a cada geração, caracteriza-se pela mudança e deslocamentos. O fenômeno da Globalização interfere e muito na conceitualização de Identidade Cultural e nos coloca no que o autor chama de jogo de identidades que se dá porque as identidades são contraditórias e se cruzam mutuamente. Além disso, é preciso considerar que a identificação do sujeito não se dá de forma automática podendo ser ganha ou perdida dependendo da forma como esse sujeito é interpretado ou representado. Para Stuart Hall, a fragmentação do sujeito e conseqüentemente de sua identidade cultural afeta diretamente a identidade nacional na modernidade. O autor argumenta que as maiorias das nações foram unificadas após um processo de conquista violento que exerceu uma hegemonia cultural sobre os colonizados e que uma nação é composta por diferentes classes sociais, grupos étnicos e de gênero.Outras categorias são utilizadas como dispositivo para unificar e representar um único povo, como as categorias de raça e etnia, Hall ainda afirma que essas categorias são tentativas de unificar identidades nacionais pois as nações são culturas híbridas e estas categorias são discursivas e não biológicas como alguns afirmam. Sendo assim, o autor fica atento na forma pela qual as culturas nacionais buscam costurar as diferenças em uma identidade única, já que estas não estão livres do jogo de poder, divisões internas e contradições.Hall, com o fenômeno da globalização entende três possíveis conseqüências sobre as identidades culturais.Ou as identidades nacionais se desintegrarão, resultado da homogeneização cultural e do pós-moderno global, ou as identidades nacionais serão reforçadas pela resistência à globalização, ou por último, novas identidades tomarão o lugar das identidades nacionais em declínio.Para alguns teóricos, os processos globais têm tido o objetivo de enfraquecer as formas nacionais de identidade cultural, criando uma homogeneização cultural. Para outros as identificações ainda permanecem fortes e são colocadas acima das identificações Globais.Stuart Hall entende que a problemática está entre o Global e o Local na transformação das identidades e que é mais provável a produção de novas identidades. O que podemos notar é que a globalização exerceu uma função de deslocar identidades centradas da cultura nacional, produzindo um efeito pluralizador sobre as identidades. Esse efeito possibilitou novas posições de identificações, mais políticas, plurais e diversas, menos fixas e unificadas.Há esforços na busca de recuperar as unidades e a pureza anterior para manter as identidades ao redor do qual o autor chama de Tradição. Outros aceitam que as identidades estão sujeitas as mudanças da própria história, da política e assim seria muito improvável que elas sejam novamente puras ou que se mantenha a Tradição.Hall entende que há possibilidade da formação de novas identidades e será por meio da intersecção e negociação das novas culturas, o que não implicará na simples assimilação por elas, ou na perda completa de suas identidades originais, mas como resultado de várias histórias e culturas. Assim pode-se retornar à Tradição, buscando a coesão de identidades. A obra nos traz dois exemplos clássicos. O ressurgimento do Nacionalismo na Europa Oriental e o crescimento do fundamentalismo, buscando o sentimento de etnia, não por uma distintiva étnica institucionalizada, mas por uma distintiva pronunciada.

Conclusão.
Na página 87 temos o início da conclusão que se estende até o final da obra, na página 97.O autor nos mostra a idéia de que os ressurgimentos de nacionalidade no final do século XX com a globalização são efeitos inesperados. O Marxismo e o Capitalismo apostavam em diferentes formas, em valores e identidades universalistas e que Stuart Hall entende que com a globalização não está havendo nem o triunfo global nem o nacionalismo local.O que temos são os deslocamentos e desvios da Globalização de forma contraditória e bastante variada.O autor ainda lança um desafio, o de analisar esse Sujeito Pós-Moderno e suas identidades culturais de forma menos fixa e sim mais deslocada.Assim pode-se redimensionar e reestruturar a figura do indivíduo, do sujeito e da própria sociedade.